terça-feira, 12 de novembro de 2013

A REFORMA AGRÁRIA SOFRE COM A OPOSIÇÃO DA UDR - UNIÃO DEMOCRÁTICA RURALISTA

           "Eu conheço um homem. Um homem tão glorioso. Este homem tem poder. Ele é maravilhoso. O diabo estremece. O inferno também treme. Quando alguém fala neste homem, O inimigo sai correndo." (Guiomar Victor)
           Tão logo o Plano de Reforma Agrária do presidente Sarney foi anunciado, milhares de proprietários, em diversas regiões do país, começaram a se armar, o que fez aumentar a violência no campo. Em 1985, o número de mortos em conflitos da terra passou de cento e sessenta. Entre janeiro e abril de 1986, houve mais de oitenta mortes. Naquela ocasião, quando o país passava por um processo de redemocratização, e na iminência de serem aprovadas medidas profundas na estrutura fundiária do país, com a Constituição de 1988, surgiu outro movimento, no entanto, diferentemente dos anteriores, pois este tinha como membros grandes latifundiários, que conseguiram constituir uma grande bancada no Congresso Nacional, cuja bandeira principal é a defesa da propriedade produtiva e maiores incentivos para o produtor rural.

           Sobre o surgimento da UDR, comenta Grzybowski (1987, p.83): “Ao invés dos tradicionais latifundiários nordestinos, os principais combatentes da anti-Reforma Agrária, desde a primeira hora, provêm das hostes dos novos donos da terra, animais e máquinas, cujo epicentro está em São Paulo. Aí surgiram os ‘intelectuais orgânicos’ da UDR – União Democrática Ruralista, hoje constituída em vários Estados. A UDR tem acesso direto aos órgãos que definem a estratégia dominante para o campo, em especial Gabinete Civil e órgãos militares. Devido as suas ostensivas ações, a UDR está tendo algumas dificuldades políticas e pode ser isolada. Mas, como lembram os líderes, a direção das Associações Rurais e Federações da Agricultura – organizações que estão sendo chamadas para compor as Comissões Agrárias na implantação do PNRA - está em suas mãos.”

          A UDR conseguiu neutralizar as posições da esquerda e manter no texto da Constituição aquilo que mais lhe interessava. Além das conquistas trazidas para o texto constitucional, esse movimento tem obtido muitas outras em prol da classe, como linhas de financiamento favoráveis, prorrogações de dívidas, dentre outros benefícios. Observa-se, explicitamente, que na luta de classes, em oposição às forças populares, surge o movimento dos detentores do poder no campo que, ao mesmo tempo, é extensivo ao poder político e administrativo, o que, de certa forma, dificulta e inibe os avanços na justa e eqüitativa redistribuição de terras agricultáveis, servindo-se como freios quanto aos anseios daqueles que lutam, resistentemente, pelo assentamento rural de inúmeros lavradores despossuídos.

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