segunda-feira, 25 de novembro de 2013

CORRUPÇÃO NÃO É COISA DE PAÍS SÉRIO. DENUNCIE. FAÇA A SUA PARTE

"Passa o tempo e tanta gente a trabalhar De repente essa clareza pra votar Sempre foi sincero de se confiar Sem medo de ser feliz Quero ver você chegar Lula lá, brilha uma estrela Lula lá, cresce a esperança Lula lá, o Brasil criança Na alegria de se abraçar Lula lá, com sinceridade Lula lá, com toda a certeza pra você Um primeiro voto Pra fazer brilhar nossa estrela Lula lá, muita gente junta Valeu a espera Lula lá, meu primeiro voto Pra fazer brilhar nossa estrela" (Brilha Uma Estrela)
           A política brasileira atingiu o ápice no que diz respeito ao descrédito perante os cidadãos decentes do país. O surgimento de Lula e do PT foram acontecimentos que marcaram profundamente a historia do Brasil, notadamente porque coincidiram com a fase de decadência do Regime Militar de 1964. Ao longo do tempo, o PT defendeu as bandeiras da Reforma Agrária, Justiça Social, democracia plena, decisões participativas, e, principalmente, o combate à CORRUPÇÃO.

           O PT foi criado em 10 de fevereiro de 1980, com uma áurea de credibilidade, uma vez que havia sido idealizado por dirigentes sindicais, intelectuais de esquerda e católicos ligados à Teologia da Libertação. O reconhecimento do partido pelo Tribunal Superior Eleitoral ocorreu em 11 de fevereiro de 1982. O partido é fruto da aproximação dos movimentos sindicais, como a Conferência das Classes Trabalhadoras (CONCLAT), embrião da Central Única dos Trabalhadores (CUT), grupo ao qual pertenceu o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, com antigos setores da esquerda brasileira. Inicialmente o PT rejeitava tanto as tradicionais lideranças do sindicalismo oficial, como também procurava colocar em prática uma nova forma de socialismo democrático, tentando recusar modelos já então em decadência, como o soviético ou o chinês.

           Significou a confluência do sindicalismo basista da época com a intelectualidade de Esquerda antistalinista. Na opinião de muitos eleitores esclarecidos, o PT havia nascido para mudar a trajetória do Brasil, uma vez que contava com o aval da Igreja, de intelectuais e de movimentos sindicais, que o credenciava para ter o apoio de segmentos da sociedade como servidores públicos, bancários, metalúrgicos, dentre outros.

           E mesmo outros segmentos da sociedade, que por alguma razão não votava no PT, não o tinha como partido de corrupto. O fato é que o escândalo do “mensalão” pôs uma grande nódoa na história do PT, considerando que com esse episódio houve um nivelamento do Partido dos Trabalhadores com as demais agremiações. É como bem afirmou J. R. Guzzo, Revista Veja, Ed. 2349, de 27 de novembro de 2013, p. 168: “Foi precisamente por aí, na verdade, que se chegou até aqui: de apoio em apoio, de acordo em acordo, de negócio em negócio, Lula e o PT tornaram-se iguais às forças políticas que mais combateram quando eram oposição, e que sempre denunciaram como as grandes culpadas pelo atraso, pobreza e injustiça do Brasil.
Ao fecharem os olhos à corrupção e a outras taras que degeneram a vida pública no país, e ao descartarem com “moralismo” toda e qualquer denúncia contra a imoralidade, criaram os corvos que hoje os perseguem. Nada mais merecido, para quem adotou essa opção, do que ver na cadeia José Dirceu e José Genoíno, suas ‘figuras históricas’ e astros do mensalão – e em plena liberdade, com sua vida política cada vez melhor, os Sarney e os Color, os Maluf e os Calheiros, inimigos de ontem e sócios de hoje.” Na verdade ninguém tem o direito de dizer que o PT pelo fato de haver se envolvido com o escândalo do “mensalão” é pior de que qualquer outro partido. Isso é pura ilusão.

           O PT hoje é o que são os demais partidos brasileiros. A questão é que decepcionou porque muitos acreditavam que fosse diferente e, como se viu, não o é. Em razão de tudo isso, fica difícil agora passar a ideia de que o partido é vítima do atual sistema político-eleitoral, como vem querendo fazer.

           Segundo o Jornal Folha de São Paulo de hoje, 25 de novembro de 2013, “A defesa foi apresentada na primeira versão do texto base do 5º Congresso Nacional do PT, que será aberto em dezembro, em Brasília. Redigido por Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República, o documento afirma que o partido é ‘prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção’. Ele foi mostrado ao Diretório Nacional do partido na última segunda-feira, em reunião realizada em São Paulo.

           O texto ainda poderá ser modificado por emendas. Sem citar o mensalão, o PT levanta a bandeira da ética como forma de fazer um contraponto ao escândalo que atingiu o partido e volta a defender uma ampla reforma política. Após os protestos de junho, Dilma Rousseff sugeriu ao Congresso a realização de um plebiscito sobre o assunto, mas foi derrotada.” Apesar de tudo que aconteceu, não restam dúvida de que o PT continua com grandes chances de vencer as próximas eleições para presidente da República, uma vez que a maioria dos eleitores também não acredita nos demais partidos e políticos brasileiros, bem como viu como positivas as administrações de Lula e Dilma, ambas favorecidas pela conjuntura econômica mundial e por Programas de distribuição de rendas como o Bolsa Família.

           Não faz sentido, no entanto, essa mudança de tática do PT, fingindo-se de vítima com o objetivo de sensibilizar o eleitor. E isso pode até funcionar para alguns segmentos de eleitores, não para as pessoas esclarecidas que sempre acreditaram no partido pelas as razões que sustentaram a sua bandeira até o advento do “mensalão”. Segundo o Jornal Folha de São Paulo: “De acordo com o PT, o financiamento público exclusivo de campanha é o principal passo a ser dado no rumo de uma reforma política.

           O documento faz ainda uma dura crítica ao Poder Judiciário ao afirmar que o ‘sistema judicial é lento, elitista e pouco transparente’ e diz ainda que ele tem sido ‘permeado por interesses privados’. Quanto aos problemas no Poder Judiciário, ninguém duvida que existem. Não podemos, no entanto, criticar a Justiça pelo que ela fez no caso do “mensalão”. É possível criticá-la sim, mas pelo que deixou de fazer em situações semelhantes ao “mensalão”. No documento redigido por Marco Aurélio Garcia, segundo informou ainda a Folha de São Paulo, “Ao longo de 14 páginas, o texto faz ainda uma autocrítica sobre a ‘burocratização’ do partido durante os 11 anos de governo e afirma que o PT não avançou para imprimir um novo ritmo à sua política. No fim do documento, o partido indica o que poderá ser o mote de campanha para a reeleição de Dilma Rousseff ao comparar o atual momento político com o fim da ditadura. ‘Quando saímos da noite da ditadura, soubemos dizer 'Nunca Mais!'.

           Agora, depois de uma década de grandes transformações, afirmamos 'Nunca menos!'.’No texto, os petistas resgatam o discurso de que os problemas econômicos refletem a herança deixada por Fernando Henrique Cardoso, como recessão, juros abusivos, fortes pressões inflacionárias e vulnerabilidade externa.” De qualquer modo, se não houver uma grande reviravolta no cenário econômico e político até outubro de 2014, o PT dificilmente será derrotado nas próximas eleições. De certo podemos afirmar que o PT nunca mais será o mesmo. Como bem disse Caroline Sampaio, “A confiança se conquista com o tempo, mas quando perdemos, muitas vezes, nem o tempo é capaz de recuperá-la.”

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