sábado, 7 de dezembro de 2013

AGRONEGÓCIO: O OURO BRASILEIRO, QUE AINDA PRECISA DE MELHOR ACABAMENTO

           "Nessa casinha junto ao estradão, faz muito tempo eu parei aqui Vem minha velha vamos recordar, quantas boiadas eu já conduzi Fui berranteiro e me ver passar, você surgia me acenando a mão Até que um dia eu aqui fiquei, preso no laço do seu coração Vê ali está, o meu berrante no moirão do ipê Vou cuidar melhor, porque foi ele quem me deu você Me lembro o dia em que aqui parei, daquela viagem não cheguei ao fim Foi a boiada e com você fiquei, e os peões dizendo adeus pra mim Vem minha velha veja o estradão, e o berrante que uniu nós dois Nuvens de pó que para trás deixei, recordações do tempo que se foi..." (Berrante de Ouro de Chitãozinho & Xororó).
          O Brasil ocupa atualmente uma posição de destaque no mundo como produtor rural, podendo-se afirmar ainda com muita segurança e propriedade que na atividade rural reside a solução para muitos dos problemas brasileiros. E o melhor é que o país ainda tem um grande potencial produtivo para explorar, tendo em vista que dispõe de muita terra para cultivar e tem capacidade para aumentar substancialmente o rendimento das áreas atualmente plantadas, por meio de pesquisas, com melhoramento genético das lavouras, dos rebanhos de animais e pela mecanização do plantio, dos tratos culturais e da colheita.

           Por outro lado, ainda que se tenha avançado em termos de crescimento no tocante às questões rurais, muitos desafios ainda estão a exigir soluções, tais como: melhor distribuição de terras, intensificando os assentamentos previstos como meta pelo governo atual; desenvolvimento de uma competência técnica e tecnológica compatível com as exigências do mundo globalizado àqueles que precisam do suporte governamental, a fim de que possam competir em nível de igualdade com os grandes produtores rurais. Para se manter o homem no campo com trabalho e dignidade, é indispensável uma política pública que conjugue o crédito rural com assistência técnica e educação voltada para uma boa conscientização do lavrador, sem perder de vista os instrumentos de apoio à atividade rural, como preços mínimos, seguro rural, transporte e armazenamento, além de uma política consistente de redistribuição de terra.

           A Revista Exame, Ed. 1033, ano 47, nº. 21, de 13 de novembro de 2013, tem como matéria de capa: “O Brasil que dá certo: com cada vez mais tecnologia de ponta, a agricultura brasileira dá saltos de produtividade e empurra a economia. Como uma elite de fazendeiros está transformando o campo em referência mundial.” Isso de fato é verdadeiro, e não nos surpreende, como já tivemos a oportunidade de mostrar em vários artigos que publicamos no nosso blog.

           Na reportagem que se inicia na página 31, a Revista Exame começa informando que “Se há um setor em que o Brasil é incontestavelmente competitivo, esse setor é o agronegócio. O país é visto pelo restante do mundo como um dos principais provedores de alimentos no presente e no futuro. Trata-se de uma posição estratégica. Estima-se que em 2050 o mundo tenha de alimentar 9,1 bilhões de pessoas. Por razões como essas, o agronegócio brasileiro está vocacionado para o mercado internacional.” E de fato, apesar de alguns gargalos de infraestrutura, como falta de transportes ferroviários e fluviais, deficiência das estradas e dos portos - fatores que encarem e dificultam a atividade do campo -, o agronegócio brasileiro continua em ritmo acelerado de crescimento, o que tem salvado a economia do país e ajudado no equilíbrio da balança comercial.

           Em função do dinamismo do agronegócio, é inquestionável que os grandes produtores e liderança do campo a cada dia adquiram maior relevância na política. E isso é fato, conforme mostra o presidente da Sociedade Rural Brasileira em matéria publicada no site da entidade com o título de “O peso do agronegócio nas eleições de 2014.” Vejamos o que diz a reportagem: “A corrida eleitoral para 2014 já começou. E com um ingrediente a mais: o agronegócio sendo cortejado pelos prováveis candidatos. Algo inédito. Em São Paulo, o PT garimpa algum nome forte do agro para compor a chapa do partido que concorrerá ao governo do Estado.

           No âmbito nacional ocorre o mesmo, com o partido se movimentando para costurar uma aliança com o setor. Em recente visita a Mato Grosso do Sul, os produtores locais se negaram a comparecer a encontro com o ex-presidente Lula. Antes de buscar apoio do agronegócio para a reeleição da presidente Dilma, o ex-presidente deveria colaborar para resolver o imbróglio indígena que atinge o Estado e ameaça desestabilizar o País.
Por outro lado, em seu recente programa eleitoral, o senador Aécio Neves deu grande destaque ao agronegócio. Mostrou a pujança do setor e as mazelas que o prejudicam, como, por exemplo, a questão da infraestrutura logística, que impacta no preço dos alimentos para o consumidor.
           Já o governador Eduardo Campos vem cumprindo uma intensa agenda com lideranças do setor, a fim de contornar o efeito "Marina Silva" em sua mais que provável candidatura. Tanto Aécio quanto Campos já estiveram na Sociedade Rural Brasileira (SRB) apresentando propostas e, principalmente, colhendo informações do agronegócio. Dilma Rousseff já está convidada. O agro finalmente ganha reconhecimento político por causa da sua força econômica. Estava na hora. O setor é vencedor: garante a segurança alimentar do País - com quantidade, qualidade e preço - e gera excedentes exportáveis que sustentam nossa balança comercial.

           O Brasil criou um jeito próprio de fazer agricultura e pecuária nos trópicos, que resultou num agro forte, competitivo, diversificado e respeitado. O produtor absorveu tecnologia e faz cada vez mais, em menos área, com menos insumos, num processo contínuo de intensificação e melhor uso da terra. Além de produtos, também exportamos tecnologia agrícola. Isso sem contar a geração de emprego, riqueza, renda e desenvolvimento socioeconômico pelo interior do País, com ramificações positivas para a indústria, o comércio e os serviços, ou seja, com a criação de externalidades positivas para as cidades.

           E sem nos esquecermos, claro, da enorme oportunidade que a energia a partir de bases agrícolas traz para o Brasil. Posto isso, o agro pode ser o fiel da balança nas eleições de 2014. Na anterior, o setor já havia mostrado o "peso" do seu voto. Em 2010, a oposição ganhou em importantes Estados produtores agrícolas. José Serra venceu em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Agora, porém, o setor ganhou ainda mais musculatura, fortalecendo sua relevância no processo eleitoral. Para ter o apoio do agro, os candidatos terão de se comprometer com o setor. Em razão do avanço estrondoso do agro, os votos do setor não virão só do interior, de quem trabalha diretamente na lida do campo. Eles também virão de quem vive nas cidades e demonstra simpatia e respeito pelo setor, ou, ainda, trabalha no universo do agro, em bancos, seguradoras, multinacionais, laboratórios, fundos de investimento, varejo, agências de comunicação e assim por diante.

           Os votos do agro são de Lucas do Rio Verde (MT) e são também da Paulista e da Faria Lima. A demanda para os produtos agrícolas é alvissareira. Mas é de questionar até quando o agro conseguirá manter essa toada, contribuindo decisivamente para o País e permanecendo competitivo mesmo diante de um rosário de políticas públicas equivocadas e conflitantes. O governo desprestigia o Ministério da Agricultura, e os gargalos estruturais, que formam o custo Brasil, continuam sem soluções. Os setores produtivos estão pressionados por um arrocho político-estatal nunca antes visto. Não só o agronegócio, mas o País passa por um momento de inflexão. A guinada de políticas de inclusão social, implantada com sucesso nos últimos anos, não mais basta para o nosso amanhã, que exige reformas estruturais. É o que cobraremos.”

           Tudo isso que acabamos de explicitar é ratificado pelo Ministério da Agricultura, em artigo disponibilizado na internet (2004, p.01), quando assim se posiciona: "Moderno, eficiente e competitivo, o agronegócio brasileiro é uma atividade próspera, segura e rentável. Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, das quais 90 milhões ainda não foram explorados. Esses fatores fazem do país um lugar de vocação natural para a agropecuária e todos os negócios relacionados à suas cadeias produtivas. O agronegócio é hoje a principal locomotiva da economia brasileira e responde por um em cada três reais gerados no país."

           Isso tudo é altamente positivo, mas não podemos esquecer que, mesmo sendo o país um dos maiores produtores de alimento do planeta, ainda convivemos com muita fome e mísera, fato que deveria servir de reflexão para os nossos governantes, já que essa realidade por si só prova que algo de muito errado existe na distribuição das nossas riquezas. Precisamos refletir muito sobre o assunto para cobrarmos providências dos nossos governantes.

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