segunda-feira, 24 de março de 2014

REFORMA AGRÁRIA. UM SONHO DOS TRABALHADRES RURAIS QUE SE FRUSTRA COM A PASSAGEM DE CADA NOVO GOVERNO

 O acesso às terras no Brasil sempre se processou de maneira desigual, evidenciando a influência do poderio econômico e político dos grandes latifundiários. É um problema com raízes profundas na história brasileira, desde o período da colonização. Inicialmente, com a posse da terra Brasilis pelos portugueses. Posteriormente, na tentativa de colonização, foi implantado o sistema de capitanias hereditárias, cuja distribuição de terras foi feita em forma de doações a portugueses que tinham grandes posses.

Essa má distribuição das riquezas do campo tem trazido sérias consequências, em grande extensão ao longo do tempo, haja vista a triste constatação de o Brasil ocupar uma posição de destaque entre os países que atualmente apresentam o maior desequilíbrio social. É grave a questão fundiária no Brasil e de difícil equacionamento, porque é na grande propriedade rural que se produzem as supersafras de grão e vivem os grandes rebanhos bovinos, indispensáveis para manter o volume de exportação e alimentar a população dos grandes centros urbanos. 

Os latifundiários, além do poder econômico, sempre detiveram também a força política, razão das dificuldades de se levar à frente um projeto consistente de reforma agrária. E isso é histórico. É cultural. Segundo informações encontradas no site Wikipédia, Enciclopédia Livre, “Após o descobrimento estabeleceu-se a estratégia de ocupação de terras abundantes e com pouca mão-de-obra local. As plantações voltaram-se para a exportação e a mão-de-obra da escravidão dos negros trazidos da África. Apesar da abundância, o acesso à terra sempre foi dificultado pela presença perene do ‘proprietário’ e, conforme Celso Furtado, a mesma foi explorada pela chamada ‘empresa agrícola-comercial’, consequência da expansão comercial europeia.” 

A reforma agrária no Brasil é na verdade um enorme desafio. Há os que entendem que é temerário desapropriar uma propriedade produtiva para entregá-la ao pequeno lavrador, sem meios para assegurar o mesmo volume de produção de antes, comprometendo desse modo a economia do país. Segundo esses entendidos, deve-se encontrar uma solução que concilie a convivência da agricultura comercial ou de exportação com a agricultura familiar ou de subsistência. E isso, no entanto, nunca se faz. O grande sempre conta com maior incremento de recursos e incentivos de que os médios e pequenos produtores. E os sem terras continuam aguardando uma gleba de terra que nunca recebem. 
   
O fato é que, por razões econômicas e políticas, os Governos sempre resistem quando são cobrados para que apresentem um plano consistente e realista de Reforma Agrária. Para melhor entendermos os antigos problemas da Reforma Agrária, vejamos ainda o que encontramos na Wikipédia, Enciclopédia Livre: 
  
As primeiras concessões de terras brasileiras foram feitas a homens de recursos, ou seja, economicamente poderosos, capazes de assumirem custos com grandes instalações e aquisição de escravos. A nova população de homens livres que chegava não tinha acesso às terras, que já possuíam donos. Tornavam-se assim dependentes dos grandes proprietários, trabalhando como artesãos, soldados ou eram aventureiros, o que permitia que o controle da terra fosse mantido. O pequeno plantador se transforma em morador e os sitiantes se tornavam empreiteiros para derrubadas ou agregados para tarefas auxiliares das empresas. 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, de há muito, pressiona as autoridades brasileiras sobre o porquê de a política de assentamento de trabalhadores rurais adotada, no momento, caminhar em passos muito lentos, não atendendo, desse modo, às expectativas dos que necessitam de terra para trabalhar. As tentativas já realizadas no sentido de redistribuir terras através de financiamentos também não satisfizeram os anseios dos necessitados, daí por que a sociedade tem uma sensação de que a reforma agrária brasileira é apenas uma ficção. 
            O fato é que muito já tem se falado e prometido, mas o que já se fez até agora está muito aquém da demanda e das necessidades dos agricultores que precisam de um pedaço de terra para plantar e sobreviver com a família. No site do INCRA, como podemos ver, há a definição do que é a Reforma Agrária e de como fazê-la para que se tenha êxito. Vejamos a seguir a matéria divulgada em 02 de dezembro de 2011 no site do INCRA: 
  
“Reforma agrária é o conjunto de medidas para promover a melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social, desenvolvimento rural sustentável e aumento de produção. A concepção é estabelecida pelo Estatuto da Terra (Lei nº 4504/64). Na prática, a reforma agrária proporciona: 

§  A desconcentração e a democratização da estrutura fundiária;
§  A produção de alimentos básicos;
§  A geração de ocupação e renda;
§  O combate à fome e à miséria;
§  A diversificação do comércio e dos serviços no meio rural;
§  A interiorização dos serviços públicos básicos;
§  A redução da migração campo-cidade;
§  A democratização das estruturas de poder;
§  A promoção da cidadania e da justiça social. 

De acordo com as diretrizes estabelecidas no II Programa Nacional de Reforma Agrária, implantado em 2003, a reforma agrária executada pelo Incra deve ser integrada a um projeto nacional de desenvolvimento, massiva, de qualidade, geradora de trabalho e produtora de alimentos. Deve, ainda, contribuir para dotar o Estado dos instrumentos para gerir o território nacional. 

O que se busca com a reforma agrária atualmente desenvolvida no País é a implantação de um novo modelo de assentamento, baseado na viabilidade econômica, na sustentabilidade ambiental e no desenvolvimento territorial; a adoção de instrumentos fundiários adequados a cada público e a cada região; a adequação institucional e normativa a uma intervenção rápida e eficiente dos instrumentos agrários; o forte envolvimento dos governos estaduais e prefeituras; a garantia do reassentamento dos ocupantes não índios de áreas indígenas; a promoção da igualdade de gênero na reforma agrária, além do direito à educação, à cultura e à seguridade social nas áreas reformadas.” 

            Não duvidamos das boas intenções dos Governos do PT e muitos menos de todos os outros que os antecederam. A questão é que por trás da Reforma Agrária existem muitos interesses envolvidos. O ruim de tudo isso é que, enquanto os Governos não se posicionam com firmeza, os necessitados ressentem-se da falta de uma gleba de terra para cultivar. 

            A Reforma Agrária é, na verdade, um sonho que milhões de brasileiros alimentaram durante anos. Infelizmente, o sonho que a duras penas é alimentado frustra-se com a passagem de cada novo Governo, que não cumpre com a promessa de melhor distribuir as terras produtivas do país. Terras que, aliás, deveriam pertencer a todos os brasileiros, não a um seleto grupo de privilegiados, que herdou, apossou-se ou tomou de alguém mais fraco, ou menos favorecido pela sorte. Em síntese: a Reforma Agrária é mais uma injustiça que se perpetua ao longo dos tempos. Diante disso, precisamos nos unir para lutar em prol dessa causa, necessária para que tenhamos uma melhor distribuição das terras e das riquezas do campo.      
       

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