Segundo vem sendo divulgado pela imprensa,
a Construtora Camargo Corrêa, um gigante da construção civil, está negociando os
termos de um acordo de leniência, como é chamado, com o Ministério Público.
Caso o acordo seja concretizado, teremos mais uma grande reviravolta no caso da
Operação Lava-Jato. O que muitos talvez não saibam é que a construtora só está
buscando a negociação porque alguns dos seus principais executivos foram
presos, e a sua imagem tem sofrido sérios arranhões. Eis aí mais um dos grandes
méritos do Juiz Sérgio Moro, que não teve medo de decretar a prisão de grandes
empresários. A respeito do assunto, confiram o que encontramos no Blog do
Josias:
“A
inédita passagem de executivos das maiores empreiteiras do país pela carceragem
da Polícia Federal está prestes a produzir uma revolução nos costumes
político-empresariais do país. Gigante do setor da construção pesada, a Camargo
Corrêa negocia com o Ministério Público Federal os termos de um acordo de
leniência, como são chamadas as delações premiadas de empresas. Significa dizer
que o bloco das grandes empreiteiras, antes monolítico, pode trincar.
Deve-se a informação aos repórteres
Bela Megale e Alexandre Hisayasu. O que se discute é a troca de benefícios
judiciais por confissões. A Camargo teria de admitir as suas culpas e dedurar
as culpas alheias, expondo um pouco mais as entranhas do cartel que fraudou
licitações bilionárias e abastecia o propinoduto instalado na Petrobras e em
outros guichês do Estado brasileiro.”
Se não fosse a decretação das
prisões dos altos executivos dessas grandes empresas, com certeza nunca chegaríamos
a lugar nenhum. Felizmente o processo foi distribuído para um Magistrado honesto,
corajoso e competente, que imprimiu uma dinâmica aos acontecimentos capaz de
redundar em resultados positivos, como já estamos vendo. Segundo ainda o Blog
do Josias:
“Até aqui, apenas a Toyo Setal, uma
empresa secundária do setor, topara colaborar com os investigadores. O novo
acordo, se confirmado, colocará o curto-circuito noutra voltagem, bem mais
próxima de uma explosão do tipo salve-se quem puder. Dois advogados da Camargo
confirmaram aos repórteres a abertura da negociação com os procuradores que
tocam no Paraná a Operação Lava Jato. As conversas serão retomadas após os
festejos do Ano-Novo.
A Lava Jato engolfou 16 empreiteiras.
Duas dezenas de executivos foram presos em novembro. Onze continuam na cadeia.
Entre eles três da Camargo Corrêa: Dalton Avancini, diretor-presidente; João
Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração; e Eduardo Leite,
vice-presidente. A empreiteira já teria topado admitir sua culpa nas fraudes.
Básico nesse tipo de acordo, um compromisso da Camargo com a verdade não seria
pouca coisa.
Basta recordar que Marcelo Odebrecht,
mandachuva da co-irmã Norberto Odebrecht, havia se referido às revelações do
delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, como uma
‘denúncia vazia de um criminoso confesso’. De uma investigação que já conta com
uma dúzia de delatores, incluindo um petrogerente com US$ 97 milhões
entesourados na Suíça, pode-se dizer muita coisa, menos que é vazia. A colaboração
da Toyo Setal tornou o caso mais denso. Um acordo com a Camargo ajudaria expor
o oco das palavras do doutor Odebrecht.”
Com o rumo que a operação está
tomando, é até possível imaginarmos que o desfecho desse episódio da Petrobras
seja um marco na história do Brasil. Se a Justiça tiver um bom desempenho no
caso - conseguindo a recuperação dos recursos desviados e levando para a cadeia
todos os envolvidos -, sem dúvida nenhuma o reflexo disso será extremamente
salutar para o futuro do nosso país.
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